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“PÉ DE JACA NÃO DÁ MELANCIA”

Publicado em 08/09/2021

Por: Guilherme Faria Costa

Olá meus amigos, o mês de agosto está no fim e para a maioria do país o planejamento das estações de monta já está em andamento, em alguns lugares até mesmo em execução. Na pecuária seletiva antes mesmo das compras de protocolos e manejos de IATF, para todas as raças, trabalha-se com um ponto que gosto muito de debater: Acasalamentos Dirigidos.

Direcionamentos de cobertura acontecem desde que o homem passou a criar bovinos, isso alguns milhares de anos atrás. No início acontecia mais por indução, animais grandes com grandes, pequenos com pequenos, mesmas cores com mesmas cores, tendo em vista a busca por padronização na população. Com o decorrer dos séculos e a busca da humanidade por maior oferta de alimentos, as raças bovinas e suas linhagens foram se especializaram. Linhas mais leiteiras foram acasaladas buscando ter mais leite, linhas de corte se direcionaram à maior massa muscular.

Com o estabelecimento das associações de criadores no século XIX, outros detalhes, importantíssimos, que hoje formam a base sólida das associações de raças, foram incorporados, as anotações e registros de pedigree. As genealogias são a sapata que estruturam os programas de melhoramento genético de todas as raças, através das matrizes de parentesco. Uma matriz de parentesco usa de dados de parentes e afiliados do indivíduo, e depois do próprio, para estimar suas capacidades de transmissão.

No passado, não muitos anos atrás, quando a inseminação artificial não havia atingido seus patamares atuais de utilização, os criadores que possuíam grandes touros, importantes para suas raças, eram proprietários famosos: “o Sr. Fulano é dono do touro Beltrano”. As vacas que se sobressaíam eram as mães desses touros. Hoje, com o advento das tecnologias reprodutivas, os mais variados reprodutores das mais diversas regiões e países se tornaram acessíveis a todos, sendo que os maiores tesouros se reverteram nas matrizes.

Mas retornando ao nosso mote, ir ao curral acasalar vacas e novilhas é para quem gosta de seleção, o segundo momento mais esperado do ano. O primeiro acontece alguns meses antes, quando os produtos dos acasalamentos do ano anterior começam a nascer. Ali já temos duas informações de cara: os que são bons e que já nascem prontos, como diz o ditado; e as fêmeas que serão boas mães. Mas os acasalamentos não partem somente do pai e da mãe. Como em nós humanos, os bovinos também puxam e herdam aos seus avós e bisavós.

Muitos animais, em um primeiro momento de observação, parecem ser muito diferentes de seus pais, mas numa análise mais aprofundada, de alguma forma remeterão a algum de seus ascendentes que compõem seu pedigree. Eu que a vos escrevo, apesar de me parecer bastante com meus pais, segundo meus tios, me assemelho mais ainda a um de meus bisavôs.

E o que cargas d’água PÉ DE JACA NÃO DÁ MELANCIA, tem em relação com acasalamentos e pecuária seletiva? O que eu quero dizer com isso é que, mesmo com toda a imensa cadeia de DNA e os inúmeros arranjos que as combinações gênicas podem gerar, mais as mutações e segregações que podem ocorrer, partindo da premissa que se conheça os pais, avós, bisavós e tataravós, existe ali uma “pré-determinação” intrínseca ao indivíduo que está sendo produzido. As variações podem ocorrer dentro de um espectro, mas não fugir dele. Parafraseando um estimado amigo e grande selecionador: “Quem puxa aos seus não degenera!”.

Bem, meus amigos, essas são simples observações que os criadores e nós técnicos temos dentro da pecuária seletiva. Épocas de acasalamentos dirigidos são de muito entusiasmo e reflexão, debater esse ou aquele touro para certa vaca faz a mente ir longe. Este ano estamos começando o debate, mas já caminhando com os acasalamentos. Vamos em frente, fazer rodar a pecuária. Um abraço e até outra hora!